Quando a globalização do capitalismo era tema —
cheguei a discuti-lo nas aulas —, um dos elogios que se fazia a esse fenómeno
pós-Guerra Fria era a queda dos muros, a transposição das fronteiras. O mundo
iria ser só um, todos a prosperarem à conta da produção e do consumo. Entretanto,
verificou-se que a globalização do capitalismo serviu sobremaneira as
multinacionais que facilmente se deslocam para onde conseguem mão-de-obra mais
barata. Não serviu as populações. Essas, em vez de depararem com fronteiras
abertas, deparam hoje com muros intransponíveis, sejam eles na América ou na
Europa. Conclusão: desenvolvemo-nos, progredimos, crescemos à conta da
exploração de povos mais fracos, aos quais impusemos a nossa vontade e a nossa
força. Qual a diferença para o que se passa hoje? A escravatura deixou de ser
legitimada pelo papel, mas mantém-se prática no dia-a-dia. O capitalismo global
é isto: muros para as pessoas, via verde para as multinacionais.
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