O fabricante de gatos
quer fazê-los mais baratos:
junta o gato e a gata
para que se reproduzam
mas eles protestam,
juram que não é possível e escapam
até que aturdidos pela lua acedem.
É que crêem ser vítimas de um conto
urdido para inimizá-los com o cão,
assediar ratos e mijar cadeirões.
Tudo sem propósito.
Os gatos contorcem-se e gritam,
bufam asperamente
e por fim copulam a contragosto
sabendo que houve injustiça.
Enfeitam almofadões e alguém os julga felizes
quando na verdade dormitam ressentidos,
aborrecidos com a vida,
conscientes de que estão a cometer
mesquinhices
para glória de ninguém.
Jorge Leónidas Escudero, versão de HMBF a partir do
original coligido por Marta Ferrari, in Antología – La poesia del signo XX
en Argentina, vol. 7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis
García Montero e Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 179.
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