sábado, 30 de março de 2019

PERDOA-ME



   Sempre foi isto, é isto, pelo que, segundo as boas regras da dedução, devemos concluir que não sairemos disto. O conservadorismo nacional é uma praga, um vírus que ataca todos, independentemente de classes, partidos, inclinações políticas, é um vírus que se mistura com o corporativismo, com a tadinhice, com o nepotismo, com o caciquismo, e nos afunda irremediavelmente no pântano oligárquico do “veja lá menino, cuidadinho, porte-se bem,não fira susceptibilidades”. 
   Esta igreja dos bons comportamentos, involuntariamente cúmplice d' energúmenos que promovem a miséria nacional, é o maior dos males num país que de há muito é exclusivamente educado para o: perdão. Cretinos, crápulas, criminosos, filhos da puta, podem ir praticando as suas artes, o perdão coloca-os a salvo de punições. Se actuarem no alto do poleiro, ainda mais. A necessidade deve-lhes perdão. 
   Resultado: penas ligeiras, esvoaçantes, recursos, adiamentos, reduções, uma justiça falida da qual todos se queixam contra a qual nada fazendo. Bestas e broncos, autênticos burgessos nos cargos de decisão, aqueles aos quais se chega por nomeação ou compadrio. As figurinhas tristes nas sucessivas sessões de inquéritos parlamentar aí estão para retratar o país da impunidade. 
   Competência? 
   Mérito? 
   O melhor é arranjarem quanto antes um cartão do partido e dedicarem-se à arte de lamber botas, caladinhos o mais possível para que ninguém seja incomodado. A todos reservamos o nosso perdão.

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