A saga dos manuais escolares começou. É o momento em que
melhor objectivamos o povo que temos, fica tudo evidente. Desde pais que
desconhecem o ano de escolaridade dos filhos aos que recusam reutilizar
manuais (era o que mais faltava, os filhos aprenderem por livros em segunda mão),
há de tudo um pouco. E depois as pressas, o pânico, a tendência para complicar.
Tenho duas filhas, uma vai para o 11º e a outra para o 8.º. Não me lembro de
alguma vez ter stressado minimamente com a porcaria dos manuais escolares,
antes pelo contrário. São miúdas com excelentes notas, melhores do que as que
eu tinha. O tempo passa e eu cada vez percebo menos esta paranóia das pessoas
com os manuais escolares. Faço tudo por um governo que acabe com esse instrumento
obsoleto, apenas existente para favorecer um monopólio editorial. Sebentas iguais
para todas as escolas fornecidas pelas próprias escolas, é quanto basta. O
resto serve apenas a sofreguidão de impérios editoriais vergonhosamente
protegidos pelo Estado e a vaidade mesquinha e saloia do consumidor, que adora ter à
sua disposição gamas diversas dos mesmíssimos produtos.
3 comentários:
Em Inglaterra não existem manuais escolares. O poder local financia as escolas abertas a todos que não possam ou queiram pagar ao privado. Professores e auxiliares fazem eles próprios fotocópias de actividades e matérias e colam-nas nas páginas dos cadernos de cada aluno, que também são fornecidos “gratuitamente”. Não digo isto para defender que o sistema de ensino é melhor lá, pois desconheço. As pessoas, para além dos impostos e descontos básicos têm também de pagar pelo Council Tax, que não é pouco. Digo isto apenas para lembrar que há sistemas alternativos ao monopólio de umas quantas editoras.
Obrigada, Henrique, por este postal e, pardon my french, porra, que já é mais do que tempo de todos começarem a encarar a questão dos manuais escolares desta forma. Eu, faço-o há cerca de 15 anos, sou absolutamente contra, desde a fortuna que se gasta - e quantos estão mal concebidos, começando pelos conteúdos, passando pelos erros ortográficos, sempre/quase os mesmos autores, a velha cena que bem apontas de ser o tubarão editorial a ganhar com isto, não a comunidade escolar) até chegarmos à conclusão, no final dos anos lectivos (também sou mãe de duas, agora com 24 e 21 anos de idade), e desde há muito que aparecem com apêndices, às vezes dois/três, que jamais foram utilizados, mas que as crianças/jovens, têm ainda que carregar como cangas!
Os manuais escolares deveriam (também isto defendo, há cerca de 15 anos, pelo menos) ser substituídos por passeios até às bibliotecas, requisições temáticas, isto é, sugeridas, até para aferir da curiosidade dos alunos, passando por requisições livres, instigando mais & melhor o hábito da leitura, etc.
Tanto para dizer...
Eu ainda estou para entender esta capacidade dos portugueses se curvarem perante aqueles que os roubam. É assim com os manuais escolares há décadas, as pessoas queixam-se mas não se organizam para acabar com isto. Ficam no eterno lamento: "é o que temos". Não entendo tamanha passividade.
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