Talvez devêssemos dar o nome de jardineiro àquele que abre a cova onde a nossa carne desaparecerá para sempre, deixando desamparados os ossos com que um dia fomos gente. Imagino árvores frondosas crescendo dos ossos como de uma semente brota o fruto, os vivos a regarem os mortos esperando que da terra irrompam raízes de memórias fortificantes. Fazemos tudo ao contrário quando estamos acordados. A dormir é que os relógios do mundo se acertam e os sonhos corrigem desencantos. Talvez devêssemos chamar coveiro ao jardineiro que se agarra ao cabo da enxada cantando, como naquela peça de Shakespeare muito anterior à invenção dos microfones.
1 comentário:
Já avisei que não quero dar trabalho aos vermes, aos coveiros e aos prováveis visitantes de uma cova sem sentido. Viva a cremação. Tudo se resolve melhor...
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