segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

MUSGO

No decorrer do passeio matinal, deparei com uma parcela de terreno atapetada de um musgo igualzinho ao que colhia na infância para imprimir realismo ao presépio de Natal. Minha mãe adorava dispor a bonecada ao lado da lareira. Lembro-me das histórias que eu inventava ao olhar para o presépio iluminado pelas chamas de um tronco de oliveira a crepitar. O menino Jesus saltava das palhas para o burro e zarpava. Maria levantava-se num repente tentando impedir o filho, mas era colhida pela vaca espavorida. José acudia, enquanto o menino Jesus sacava da colt 42 e disparava sobre os reis magos. Caídos de borco sobre o musgo tingido de sangue, os reis eram roubados pelo menino que regressava ao palheiro montado no burro mas com três camelos atrelados. José, exultante perante tamanha riqueza, matava a vaca para que pudesse a família reconstituída banquetear-se como reis magos. Assim terminava a história em faustosa consoada.

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