sábado, 11 de dezembro de 2021

MY FAVORITE THINGS (1959)


 

Penso frequentemente que o melhor seria morrer, acabava-se com o sofrimento e com os pequenos e momentâneos prazeres, acabava-se com a angústia, acabava-se com a insatisfação e os momentos de alegria, acabava-se tudo como sempre tudo acaba. Ou então imagino-me encerrado num mosteiro, submetido a voto de silêncio, plantando alfaces e vendo-as crescer. Imagino-me numa sala fria a dedicar-me ao canto gregoriano. Será que conseguiria ser feliz assim recolhido do mundo? Duvido. Esta insatisfação crónica não tem nada que ver com os outros, com o mundo, mas comigo mesmo. A hipótese de toda a minha vida haver sido uma sucessão de opções erradas é forte, mas ao mesmo tempo bastante frágil. Que pode haver de absolutamente certo na existência de um homem? Só o bem que faça aos outros, se, em fazendo-o, isso lhe fizer bem a si mesmo. Tudo o mais é em vão. O tempo passa rápido, a doença toma conta do corpo, a morte aproxima-se lentamente ou surge veloz e quase imperceptível como uma estrela a desfazer-se no céu. A vaidade fica bem ao vaidoso porque o ridiculariza, as certezas ficam bem aos facciosos porque os relativiza, o sucesso fica bem ao vencedor porque o atemoriza. Tudo é tão fugaz que o melhor seria não sentir sem sequer sentir que não sentíamos, ou então pensarmos apenas nas nossas coisas preferidas. Johnny Hartman a cantar a mais conhecida das canções de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II.

Sem comentários: