O 25 de Abril correspondeu ao momento em
que a indiferença do cidadão com respeito a uma pátria é superada pela verdade
geral que a recupera da abstracção. O homem vive como ficção durante uma vida
inteira, posto que mente sem objectivo a respeito de si mesmo. Mas um dia sai
de si mesmo e a verdade é-lhe proposta por um período que é o adequado à
mudança. Se as mudanças não se verificam é porque as pessoas mais diversas (de
certo modo embrutecidas pelo vício da desigualdade que lhes garante um convívio isento de mérito e de coragem) se satisfazem com intuições grosseiras e
mal-entendidos desastrosos ou humilhantes.
De uma entrevista para Itália – Dezembro
de 1978
Agustina Bessa-Luís, Caderno de
Significados.
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