Algumas mulheres tratam da sua sanidade com agulhas.
Eu complico a minha vida a estudar
A cabeça do meu coelho preferido, a sua vulgar volatilidade,
Ou um esboço feminino e infantil
Do sapo cá de casa na sua caixa de flanela;
Ou à procura de belos fungos para o meu herbário
Tropical, apodrecendo no jardim,
Desejando um clima mais ameno,
Volteando com a faca do queijo as suas espetadas cabeças
roxas
Entre o musgo para lhes ver o véu viscoso.
Ao contrário do amor interesseiro dos que dormem no desvio,
O sono do meu ouriço está sob o seu controlo
E não do clima; ele pode despertar-se a si mesmo
Com meia hora de antecedência na geada, ou partir à
vontade
Num húmido dia de Agosto, junto à soleira.
Vai respirando lentamente, após uma grande refeição,
Noite cheia de vida, muito irritado se interrompido,
E regressa com cem respirações
Por minuto, fraco e nervoso quando acorda,
Ocupado com a sua roupa.
Em noites de insónia, enquanto aprendo
Shakespeare do coração,
Sinto que o Coelho está ao meu lado na cama
Com um barrete de dormir branco e de algodão,
Fazendo-me cócegas com os seus bigodes.
Medbh McGuckian (1950)
Versão de HMBF.
Duas notas: O Sr. Michael McGregor é uma personagem de
ficção de “Pedro Coelho”, da escritora inglesa Helen Beatrix Potter. No
primeiro verso da segunda estrofe traduzi cupboard-love por amor interesseiro,
já que a expressão se refere a uma conhecida teoria do conhecimento freudiana.
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