domingo, 17 de abril de 2022

UM POEMA DE ERLING KITTELSEN

 


POÉTICA
 
Para saltar nos troncos de um rio descontrolado
o realista vê realidade e cai à água
o romântico segue sem freios e tomba
o pós-moderno dá com o mundo já
desconstruído e chapinha
o realista social descobre claramente num salto
os interesses do fornecedor da madeira
o surrealista saca de um Francês
e acaba na cascata, o marginal acredita
que também terá sucesso no meio da corrente
o futurista em sapatos de tamanho único, falha
Estamos sentados nuns pedregulhos a observar
o ballet do rio,  uma progressiva camada de celulose
com um doentio aroma ácido aponta sonhos
activos, políticas partidárias, poluição, uma luta
por violetas, ligações rodoviárias, visões futuras
Descontrolado? Quem chamou descontrolado ao rio?
Vai fluindo muito tranquilamente

 
Do livro in (1995).
 
Versão de HMBF, a partir da tradução inglesa de John Irons
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