Quero ser vivido, tudo boa alma.
Quero aceitar-te no imediato
sabendo de antemão
que me virás aos apêndices
e que ninguém poderá resgatar-me
com um aceno
e um lenço limpo.
Serei sem peso às montras.
Ainda a deitar vapor por ti
quero a minha propensão em espera infinita
e sem sinal.
Quero imaginar o prado antes do museu
esculápios, roupa menos lata
e Ahab nascido no arpão
de uma bodega.
Agora apenas te pergunto, és capaz
de me agachar no porão das máquinas
de tabaco do último cargueiro
para Esvoaçará, Haifa?
Caibo debaixo do cóxis de um
qualquer suspeito de arroios
tenho fotos do lado de dentro
quero juntar-me ao tá pirado, à flor
e ao puído de ambos.
Dêem-me três reinos
colegas de história
nivelo tudo
pela retrospectiva da artrite.
E poeticamente? Em vida?
Ah, nível fogões silva!
Mas um género de empolgamentos
irrelevantes perante esta incauta denúncia
por alinhos agressivos visando pernetas.
Eram capazes de chutar uma cabeça
de porco até ao centro da turquia.
Usavam conversa de meia-cava
e bater de asas na videira.
Certo é que nenhum ficou desapontado
comigo de anjo nu perante alguns
devotos à paisana em necromante
abandono.
Espero ainda ter contacto físico com o quartzo
usar conveniências para me deixar cair
antes de me obrigarem a fazer o triângulo
vender correspondências faciais
altifalantes para bruxas e austrálias mais
hotdogs vigilantes.
Quero cair sim mas na pastilha sem dó
da rua Garrett
cambalear até ao quarto das vistas nos quintais
todos sabemos bem
solta-se a lua do sardoal a vinhais
quem anda atrás de quem.
Quero tornar-me o recado
de um diabrete que consome afoito
e lento seu hospedeiro amado.
Espero ser o momento viral do
porreirismo martirizado.
(...)
Nuno Moura, in Cordas Veias, com capa e desenhos de Sofia Vargues, Douda Correria, Novembro de 2021, s/p.
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