sexta-feira, 1 de julho de 2022

TCTB (TAKING CARE OF THE BUSINESS) (1961)

 


Não te estiques, para chegar longe basta assobiar melodias de cor adivinhadas. O sucesso não é um figo que se apanhe no alto da figueira. É completamente irrelevante meteres-te em bicos como uma bailarina. Vem nos livros e é máxima antiga: em desgraça cai depressa quem altos voos alcança. Por isso assobia e swinga como Leo Parker, o gozo da dança está no par e, em não havendo par, estará, por certo, em o corpo ser agitado pelos músculos invisíveis e imateriais da vibração fundadora do universo: om shanti om. Se alguém te exigir mais do que isso, explica que o problema é termos sempre de ser escravos de alguma coisa, ou de Deus ou do Estado, ou da família ou do trabalho. Não sei se por conveniência, adesão voluntária, educação ou coacção, mas o problema está sempre no motor da emancipação. Um amigo falava em motor de arranque. Dizia, a brincar com seriedade, que “as mulheres nascem com o motor de arranque avariado”. Isto era a propósito do patriarcado tóxico de que agora tanto e tão mal se fala. Mas não são apenas as mulheres, é o ser humano em geral. Também os homens precisam de olear o motor da emancipação, a ver se conseguem autonomizar-se relativamente aos senhores Deus, Estado, Família, Trabalho, etc. Aí tendes algo verdadeiramente literário, a estrada que se asfalta antes da rede de esgotos haver sido planeada para que os dejectos escoem até ao mar, esse mesmo mar em que mergulharemos o corpo para nos refrescarmos da canícula.  

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