O trabalho leva-me a pegar novamente n’ O Livro do Meio,
romance epistolar de Armando Silva Carvalho e Maria Velho da Costa. A 16 de
Março de 2006, escreve ela:
«Acabo de ouvir excerto da Primavera, Vivaldi, Quatro
Estações, nos intervalos do acerto telefónico com a firma Desentop. Temos meios
para esvaziar a fossa, se necessário, minha senhora. E que, se é no quintal, ou
são animais tipo ratas ou excesso de papel.
Vem a dar ao mesmo.»
Logo a seguir, casca em Bilhete de Identidade, de Maria
Filomena Mónica, a quem chama Mnemónica. Mas mais interessante é o que vem
adiante, já no dia 24 do mesmo mês e do mesmo ano. Diz ela:
«A H. S. C., no livro epistolar Querida Menopausa, que
esgotou com a herdeira Ferro, fala muitas vezes, com preocupação, na ileteracia dos portugueses. Temos isso em comum, entre outras coisas: somos ileteradas.
Da literatura Light e da literatura Pop, subtil gama que o António Guerreiro
denunciou ir da prosa do Vasco Graça Moura aos desmanchos da Margarida Rebelo
Pinto, tomara eu cobrar o que eles cobram. Nunca mais sofria Literatura, muito
menos para os vindouros, proibidos de ler Camões nas escolas.»
E termina, a 25 de Março:
«Os filhos de Gil Vicente, netos das águas correntes. De
Vicente a Bernardim. Salvo as divinas proporções.»
Achei que isto estava tudo ligado.
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