sábado, 22 de abril de 2023

ISTO ANDA TUDO LIGADO

 
O trabalho leva-me a pegar novamente n’ O Livro do Meio, romance epistolar de Armando Silva Carvalho e Maria Velho da Costa. A 16 de Março de 2006, escreve ela:
 
«Acabo de ouvir excerto da Primavera, Vivaldi, Quatro Estações, nos intervalos do acerto telefónico com a firma Desentop. Temos meios para esvaziar a fossa, se necessário, minha senhora. E que, se é no quintal, ou são animais tipo ratas ou excesso de papel.
Vem a dar ao mesmo.»
 
Logo a seguir, casca em Bilhete de Identidade, de Maria Filomena Mónica, a quem chama Mnemónica. Mas mais interessante é o que vem adiante, já no dia 24 do mesmo mês e do mesmo ano. Diz ela:
 
«A H. S. C., no livro epistolar Querida Menopausa, que esgotou com a herdeira Ferro, fala muitas vezes, com preocupação, na ileteracia dos portugueses. Temos isso em comum, entre outras coisas: somos ileteradas. Da literatura Light e da literatura Pop, subtil gama que o António Guerreiro denunciou ir da prosa do Vasco Graça Moura aos desmanchos da Margarida Rebelo Pinto, tomara eu cobrar o que eles cobram. Nunca mais sofria Literatura, muito menos para os vindouros, proibidos de ler Camões nas escolas.»
 
E termina, a 25 de Março:
 
«Os filhos de Gil Vicente, netos das águas correntes. De Vicente a Bernardim. Salvo as divinas proporções.»
 
Achei que isto estava tudo ligado.

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