Na discussão sobre quotas de música portuguesa nas
rádios, a IL vem com o seu argumento de ouro: quem tem talento, vinga. O tema
aqui em causa é apenas pretexto para perceber o que essa gente do liberalismo
tem na cabeça sobre cultura, a falácia do empreendedorismo também cabe aqui, a
meritocracia fundada na parangona do sucesso comercial, tudo reduzido ao
talento, que é coisa, como sabemos, que não carece de estudo, só de júris e de
clientela. Com esta gente, Vicente e Camões não existiam, o Teatro Nacional não
existia, o cinema português seria reduzido ao reality show dos youtubers
malcriados e as artes plásticas ao plástico da Joana Vasconcelos e o teatro aos
saltos histéricos do João Baião na companhia dos macacos adrianos. Acabemos já
com a escola. Quem tem inteligência, vinga. E com os hospitais. Quem tem saúde,
vinga. Acabemos com o país, que nunca vingou senão roubando ou de mão
estendida. Ou se calhar não.
Sem comentários:
Enviar um comentário