quarta-feira, 30 de agosto de 2023

BEIJOS

 
Esta noite sonhei que andava excitadíssimo com qualquer coisa que no sonho não era evidente. Ainda assim, saí de casa em brasa. Cruzei-me nas escadas com a senhora que faz limpezas no prédio, agarrei-a pelo pescoço e toma lá disto: uma beijaça na boca que até ficou a andar de lado. Assim que saí, dei com o Zé Cigano a passear o cão. Agarreio-o pelas bochechas e pimbas: toma lá um rechonchudo e húmido xoxo nessa boca porca. Segui caminho até ao café, onde fui registar o euromilhões. Estava em brasa. Do lado de lá do postigo, a empregada brasileira cumprimentou-me com a indiferença de sempre. Mas eu não me fiz rogado, saltei na sua direcção e espetei-lhe um linguadão que ela estremeceu. Toma lá que é para acordares. Sentia-me um autêntico campeão mundial dos beijos, dos xoxos, dos linguados. A taça era minha. Pior foi quando saí do café. Tinha à espera o Zé Cigano mais uma catrefa dos da laia dele. Gente de má raça. Puxaram-me para a esquina e começaram a beijar-me de todas e mais algumas maneiras, uma dúzia de ciganos a lambuzarem-me com esse humor aquoso e um tanto viscoso a que se dá o nome de saliva. Acordei em pânico, tomado por suores frios. 'Da-se, nunca mais beijo ninguém.