(...) Contrários à noção de luta e combate — no sentido em que ambos determinam e se referem a valores estabelecidos, bem como a qualquer tipo de natureza heróica, da procura de um fim ou da aspiração a um qualquer triunfo —, os artistas menores estão mais próximos das vidas dos homens infames — das aventuras sem nome que Michel Foucault juntou numa «espécie de herbário» e que designou como «existências-relâmpago», «vidas singulares, tornadas [...] estranhos poemas». Nem a infâmia de Bataille ou de Borges, antes a de Tchékhov, nota Deleuze. Não são vidas de excessos ou lendárias pelos seus desvios; são vidas insignificantes e obscuras que conheceram instantes de luz. (...)
Eduarda Neves, in Bestiário Menor, Barco Bêbado, Novembro de 2022, pp. 70-71.
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