MASSACRE DOS INOCENTES

 

   No dia 24 de Fevereiro de 2022 a Federação Russa invadiu a Ucrânia, gerando uma agitação comentadeira universal. As bandeiras da Ucrânia proliferaram nas imagens de perfil do Facebook, posts com discussões intermináveis nas caixas de comentários, bloqueios e cancelamentos, acusações de dedo em riste, manifestações nas ruas, braços abertos para acolher o povo ucraniano. Nas televisões, horas infindáveis de telejornal, momentos de comentário que ainda hoje se mantêm para entretenimento de quem come pipocas a assistir a estas coisas. Zelensky, o presidente da nação invadida, foi chamado a falar nos parlamentos do mundo democrático. Um apoio extraordinário à Ucrânia, acompanhado de uma censura aparentemente implacável à Federação Russa (parece que ainda vamos recebendo petróleo russo em Sines, a despeito do bloqueio).
   No dia 7 de Outubro de 2023, a organização fundamentalista religiosa Hamas atacou Israel. A resposta israelita não se fez esperar, esmagando parte de um território que há décadas luta pela independência e o fim do apartheid a que está sujeito. Pelos actos terroristas de uns, hão-de pagar todos, até os recém-nascidos nas incubadoras dos hospitais. Milhares de crianças mortas, a devastação exibida em directo, um rasto de ruína com todos e mais alguns atropelos ao direito internacional e às resoluções da ONU, crimes de guerra sobre crimes de guerra.

   De Fevereiro de 2022 para Outubro de 2023 muita coisa mudou, talvez seja do cansaço. Pobre Palestina, tens os inimigos errados. Os teus inocentes podem ser massacrados a céu aberto, poucos os chorarão. Serão exibidos com parcimónia, para não causar escândalo. E por aqui, as bandeirinhas de perfil ficarão sob as cinzas dos teus ossos.