Geração Y (Millennials)

 
Geração 2.0: Algoritmo 2 Neurónios 0. Smartphones 2 Inteligência 0. Redes Sociais 2 Socialização 0. Internet 2 Rua 0. Será uma hipérbole, por certo. E não podemos ser tão radicais, não. Aqui estamos reunidos, neste grande livro aberto, a partilhar as nossas dores com desconhecidos a quem chamamos amigos. Como está, passou bem? O que se seguirá a isto? Talvez um chip, o famoso chip, ou a Inteligência Artificial a decidir por nós se mandamos ou não vir sobremesa, qual a melhor hora para aliviar águas, para que lado dormir melhor. A geração 2.0 é a das minhas filhas, eu sinto-a na pele. A dos meus netos será a 3.0, uma nova trindade que talvez volte a trazer o Senhor à Terra para nos guiar a caminho de uma Nova Idade Média. Ah, não fale assim desses tempos. Muito se evoluiu em matéria de tortura nesses anos. Estamos a salvo, calma. O que se avizinha é isto: acordarmos convencidos de que ainda estamos a dormir, abrirmos a janela para espreitar o tempo e não acreditarmos que está sol porque é tudo uma ilusão, até a dor na unha encravada, que, na verdade, não é uma unha encravada pois não é possível unhas encravarem onde não existem pés. O nosso corpo não existe, quer dizer, ele existe mas enquanto código programado pelo servidor geral de uma humanidade conectada. Beber um café não é beber um café, é descarregar uma aplicação líquida. Mais ou menos isto. Depois desenvolvo, agora tenho de ir fazer o jantar, ou seja, programar uma refeição confeccionada pelo ChatGPT. Espero que não fique destemperada.