quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

(pausa mais longa e novo ritmo, em tom lento, mas resoluto)

 


— Morri-te ao aprender a nova boca
em que outra palavra já se escreve
e se recusa um amanhã igual 
o mesmo amanhã de cíclicos regressos...
qualquer amanhã sabido
ou por saber...

Morri-te ao inventar uma gramática 
que dissesse em nova
língua a minha alma.

Porquê um corpo? Para quê um corpo?
Nele dormitam já os vermes do futuro,
nele habitam já os germes
de um porvir
que agora são prazer e logo o sono.

(Pausa.)

Luísa Freire, in Monólogo para uma janela no escuro, Companhia das Ilhas, Fevereiro de 2024, pp. 22-23.

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