Entre
os Velhos, tudo é velho.
O papel de parede no corredor, os candeeiros na parede, as fotografias emolduradas, se as houver.
Na cozinha, tudo igualmente datado. Os móveis, os acessórios, o forno, o frigorífico, o lava-louça. Tudo cheira a século passado.
A toalha de mesa, a ausência de toalha, o oleado, a madeira, a fórmica, os talheres, os copos, tudo datado.
De quando? De antigamente. Do tempo em que tudo era novo, do tempo em que podiam acreditar que estavam vivos e felizes.
(…)
—
Digo-te que te vi como num filme mudo, um daqueles filmes antigos, a preto e
branco, repleto de emoções antigas, esquecidas, enterradas. Emocionaste-me,
sim, emocionaste. A tua velhice emocionou-me, as tuas lágrimas emocionaram-me,
sim, sobretudo as lágrimas, as tuas lágrimas furtivas emocionaram-me. Quem
escuta ainda as palavras que as personagens de antigamente dirigem às personagens
de agora? Este agora cheio de risos, horrores e música atroz. Quem ainda se
importa com o que, na tua idade, possas dizer sobre a vida, a morte, o amor, os
desgostos, os remorsos, quem?
(…)
Jean-Claude Grumberg, Dans le
Couloir, Actes Sud – Papiers, Março de 2024. Versão de HMBF.
O papel de parede no corredor, os candeeiros na parede, as fotografias emolduradas, se as houver.
Na cozinha, tudo igualmente datado. Os móveis, os acessórios, o forno, o frigorífico, o lava-louça. Tudo cheira a século passado.
A toalha de mesa, a ausência de toalha, o oleado, a madeira, a fórmica, os talheres, os copos, tudo datado.
De quando? De antigamente. Do tempo em que tudo era novo, do tempo em que podiam acreditar que estavam vivos e felizes.
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