segunda-feira, 1 de julho de 2024

SILÊNCIO DEMORADO

 
SIGLA: Parece que andamos os dois no meio de espelhos. Por toda a parte só nos vemos a nós. Sozinhos, cada qual a ver-se só a si.
 
NINA: E se fossem espelhos deformados, e nós sem sabermos? Já pensaste? Espelhos deformados para melhorar, não daqueles que torcem as pessoas. Perfeitamente possível, não julgues que não. Ninguém nos garante que não estejam deformados de propósito, para nos iludirem ao contrário… para esconderem o lado monstro. Já pensaste?

José Cardoso Pires, in Corpo-Delito na Sala de Espelhos, prefácio de Eduardo Lourenço, Moraes Editores, Maio de 1980, p. 48.

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