domingo, 8 de setembro de 2024

O LADO MAU DA FORÇA

 

Depois de infinitas horas de contabilidade e balanço no termo dos Jogos Olímpicos, não há uma alma que venha falar desta diferença abissal entre o número de medalhas conseguido pela China e restantes países nos paraolímpicos. A comparação com o principal rival nos Olímpicos, os EUA, é reveladora: a China consegue mais do dobro das medalhas e praticamente o triplo dos ouros. Talvez isto queira dizer alguma coisa em matéria de políticas inclusivas. Com todos os defeitos que o regime chinês possa ter e certamente terá, seria no mínimo razoável estas matérias serem reflectidas em vez de andarmos permanentemente a diabolizar os “inimigos das democracias liberais” (também se tem visto recentemente em França, organizador destes Jogos, qual o significado de democracia nestes tempos que são os nossos).


8 comentários:

Nuno Godinho disse...

Estás a comparar maçãs com laranjas. Tens de dividir o número de medalhas pelos habitantes. Só assim podes comparar países com populações diferentes.

China = 1400M
Grã-Bretanha = 69M
EUA = 334M
Países Baixos = 18M
Portugal = 10M

Se dividires o número de medalhas pelo número de habitantes obténs o rácio que te permite compará-los: número de medalhas por milhão de habitantes. Vejamos:

China: 0.067
Grã-Bretanha: 0.71
EUA: 0.11
Países Baixos: 1.5
Portugal: 0.2

Assim já podes tirar outras conclusões. A China é uma miséria. Os Países Baixos é que se destacam, e muito, seguidos pela Grã-Bretanha. Já agora, Portugal é 5x melhor que a China e 2x melhor que os EUA.

Portanto, acho que podemos reescrever o que disseste: "Talvez isto queira dizer alguma coisa em matéria de políticas inclusivas. Com todos os defeitos que o regime chinês possa ter e certamente terá, tem ainda mais este" ;-)

hmbf disse...

Essa estatística não é válida. Terias de ver quantos praticantes de desporto tens nuns e noutros países. E, neste caso, quantos praticantes com "deficiências". Já agora, eu não estou a comparar senão as horas infindas de debate sobre os resultados nos Olímpicos versus a total ausência de debate nos paraolimpicos. Também gostava de saber porque é a China essa miséria, conseguindo os resultados que consegue. Isdo não é mais vontade de dizer mal da China do que outra coisa? Miséria é a Índia.

Anónimo disse...

Sim, está a misturar alhos com bugalhos. Se utilizar o sucesso no goalball como critério, o SCP é a equipa mais inclusiva de Portugal, se se lembrar dos lugar que há uns anos reservaram para os invisuais no estádio....
Além disso, é conhecida a tendência de os regimes totalitários utilizarem o desporto como forma de propaganda. Quantas vezes ouvi que o regime do Salazar não era racista porque o Eusébio era preto.
O sucesso no desporto não diz nada sobre nada, é como o sucesso noutra qualquer área de entretimento/espetáculo, que é o que o desporto profissional é na atualidade.
Já agora, a Índia é uma miséria porquê, se tem a maior indústria cinematográfica do mundo?

PS: O exemplo que dei acima do SCP é absurdo. Acho que dá para perceber. Não quero ofender ninguém com assuntos sérios como futebol...

hmbf disse...

O sucesso no desporto só diz alguma coisa quando convém, quando não convém não diz nada. Neste caso podia pelo menos ser conveniente para tentarmos perceber melhor um país e um povo que estamos sempre a menosprezar e a criticar como se por lá nada houvesse de bom. Pelos vistos nem tudo é mau.

Anónimo disse...

No seu texto falou em "políticas inclusivas" e "regime chinês". "Povo" é outra coisa. De certeza que os povos afegão e norte coreano têm coisas maravilhosas. "País" é outra diferente.
Não consigo encontrar virtudes num regime como o chinês. No país e no povo, ou vários povos, consigo.
Mantenho que o desporto nada diz. Se a bola for ao poste somos os piores, se o GR adversário dá o frango somos os maiores... A aleatoriedade dos resultados desportivos (sem falar na batota - nos paralímpicos há houve vários casos de doping) tira, na minha opinião, importância ao número de taças, medalhas, records, etc. Ou gostamos de ver ou praticar e da forma como se pratica, ou não gostamos. E se é matéria de gosto pessoal tanto faz quem ganha. Confundir gostar de ganhar com gostar de desporto é o que faz, por exemplo, do futebol um antro de corrupção. Talvez o número de praticantes de desporto, "deficientes" ou não, possa dizer alguma sobre a valorização que se dá à atividade física, mas preferirei sempre uma democracia de bêbados e diabéticos, do que uma ditadura de atletas de alta competição.
Mais uma vez o exemplo é absurdo, há bêbados, diabéticos, e atletas de alta competição em todo o lado, independentemente do regime, além disso não bebo, tenho cuidado com a alimentação, dou várias caminhas e corridas por semana e, por motivos que não compreendo, sou adapto do SLB... Mas, efetivamente, continua a misturar alhos com bugalhos.

hmbf disse...

Bem, isso dá pano para mangas. Diz que não vê nada positivo no regime chinês, o que denota na perfeição a incapacidade de pensar o diferente em função de si mesmo e não em função do que nós gostaríamos que ele fosse. Eu vejo de positivo, desde logo, não andarem para aí a invadir outros países. E é positivo, também, que não tenham uma sociedade armada até aos dentes. É um dos países com a menor tacha de homicídio do mundo. Podia dar muitos outros exemplos de coisas positivas na China, o que não me impede de criticar muitas outras. As suas preferências não discuto, mas também não interessam para nada já viu quão tirânico seria impô-las aos outros. Eu cá prefiro que as pessoas possam escolher ser bêbados ou atletas, o que até nem são estatutos incomportáveis

Anónimo disse...

Sobre a criminalidade na China e o facto de "não andarem para aí a invadir países" uma brevíssima pesquisa na internet diz-nos o oposto. Não me vou dar ao trabalho de pôr aqui links. A não ser que considere algumas invasões boas e outras más, ou que existam formas de invadir boas e más. A China é um império, e como todos os os impérios constitui-se como uma força expansionista e colonialista.
Mas o que acho estranho é alguém dar tanto valor à capacidade de escolha e, ao mesmo tempo, encontrar algo de positivo num regime político (sublinho regime político, algo substancialmente diferente de povo ou país) cujo pilar base é a limitação da capacidade de escolha, desde logo do ponto de vista político.

hmbf disse...

Diga lá quais foram os países invadidos pela China nos últimos 24 anos.