segunda-feira, 18 de novembro de 2024

50 X 11

 


“The Living Road”, Lhasa.
 
Lhasa (1972 – 2010) partiu demasiado cedo, com apenas 37 anos de vida. Criada entre o México e os EUA, amadurecida entre o Canadá e França, tinha música no sangue. Na árvore genealógica encontramos actrizes e actores, cantores, músicos, etc. Diz que na infância ouvia Victor Jara. O pai era mexicano. Não é de estranhar a natureza poliglota das suas canções, cantadas em espanhol, francês, inglês. Deixou-nos três álbuns: “La Llorona” (1997), “ The Living Road” (2003) e “Lhasa” (2009). E eu estou convencido de que os dois primeiros são obras-primas. É fácil comovermo-nos com esta música. Quando morreu, escrevi isto: «A voz de Lhasa é a respiração a cantar. Histórias de amor, sim, canções nocturnas, cantadas em cabarés, tabernas, nas ruas onde o povo dá voz à tradição. Tangos, blueswestern, valsa, folkvaudeville, bolero e porque não fado? Os sopros, as cordas e as percussões, a densidade dos arranjos, ruas desertas ladeadas por árvores gigantescas, uma mulher a dançar com a própria sombra, uma doçura, uma ternura imensa, a sensualidade desenhada a preto e branco com contornos que dispensam reflexões. Porque as reflexões levam-nos sempre aos locais de partida. É tão simples partir para apenas chegar. Ao mesmo tempo, é tão comovente.» Levava-a comigo para uma ilha deserta.

Sem comentários: