“The Living Road”, Lhasa.
Lhasa (1972 – 2010) partiu demasiado cedo, com apenas 37
anos de vida. Criada entre o México e os EUA, amadurecida entre o Canadá e
França, tinha música no sangue. Na árvore genealógica encontramos actrizes e
actores, cantores, músicos, etc. Diz que na infância ouvia Victor Jara. O pai era mexicano. Não é
de estranhar a natureza poliglota das suas canções, cantadas em espanhol, francês,
inglês. Deixou-nos três álbuns: “La Llorona” (1997), “ The
Living Road” (2003) e “Lhasa” (2009). E eu estou convencido de que os dois
primeiros são obras-primas. É fácil comovermo-nos com esta música. Quando
morreu, escrevi isto: «A voz de Lhasa é a respiração a cantar. Histórias de
amor, sim, canções nocturnas, cantadas em cabarés, tabernas, nas ruas onde o
povo dá voz à tradição. Tangos, blues, western, valsa, folk, vaudeville,
bolero e porque não fado? Os sopros, as cordas e as percussões, a densidade dos arranjos, ruas
desertas ladeadas por árvores gigantescas, uma mulher a dançar com a própria
sombra, uma doçura, uma ternura imensa, a sensualidade desenhada a preto e
branco com contornos que dispensam reflexões. Porque as reflexões
levam-nos sempre aos locais de partida. É tão simples partir para apenas
chegar. Ao mesmo tempo, é tão comovente.» Levava-a comigo para uma ilha
deserta.
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