sexta-feira, 21 de novembro de 2025

UM POEMA DE JOSÉ LUÍS COSTA

14.

Melhor a rua,
as ruas

Para quê desertos,
para quê alcáçovas do Magrebe?

A rua sagra-te nómada,
Lantânio.

Hoje estarás
nove vezes fora
de casa,
nove vezes fora.
(Nada

o massaja assim -
rajadas de rua,
conversa de rua,
comida de rua,
música de rua:

da coluna
do guna,
dos ais da Dona Clara
ao ver o preço da curgete,
tudo música,

Stravinsky escapando
da janela do vizinho
(as fanfarras do Agon,
mais nove provas de que
a música ama a rua).

Não tem de ser d'oiro,
Não tem de ser a remota

    Praça São Nicolau das Ondas.

José Luís Costa, in Lantânio, colecção elemeNtário, Flan de Tal, volume n.º 14, 2023.

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