segunda-feira, 21 de julho de 2014

TERRORISMO

João Lisboa deixou aqui um cibo do que motivou este post, mas o problema é mais grave do que a dimensão caricata da situação possa indicar. Tenho lidado com muita gente em cargos de chefia cujos e-mails revelam um tratamento absolutamente criminoso da língua portuguesa. Há quem se desculpe com a informalidade do discurso praticado nos e-mails, nas redes sociais, etc., mas a prática oral não nos faz ter esperança neste cenário desolador. Não estamos a falar de gente com a quarta classe, estamos a lidar com licenciados, gente com currículo académico, gente que ascende a cargos de chefia e exerce sobre os outros o seu poder gramaticalmente enodado. Serem estes exemplos mais comuns e vulgares do que o desejável… inquieta-nos. A dislexia, que tem servido para tudo num sistema de ensino onde a língua portuguesa é tratada sem o mínimo decoro, também não justifica o terrorismo a que vamos sendo sujeitos. Não estamos a falar de meros lapsos gramaticais ou de incorrecções gráficas, quando chegamos à sintaxe o aspecto é deplorável e, muitas vezes, completamente incompreensível. Ficam as dúvidas: onde estudou esta gente? Como passaram de ano para ano a escrever desta forma? Como comunicam com os seus subordinados? Pode alguém levar a sério uma lei, uma ordem, uma regra, votada, indicada, aplicada por gente que escreve desta maneira?

2 comentários:

jpt disse...

Só porque a senhora é antropóloga está V. (e João Lisboa) a atacá-la.

hmbf disse...

É antropóloga e faz
estudo de campo,
lá para os lados
de São Bento.
Ainda descobre
uma língua morta
nas ruínas
do parlamento.

Saúde,