João Lisboa deixou aqui um cibo do que motivou este post,
mas o problema é mais grave do que a dimensão caricata da situação possa
indicar. Tenho lidado com muita gente em cargos de chefia cujos e-mails revelam
um tratamento absolutamente criminoso da língua portuguesa. Há quem se desculpe
com a informalidade do discurso praticado nos e-mails, nas redes sociais, etc.,
mas a prática oral não nos faz ter esperança neste cenário desolador. Não estamos
a falar de gente com a quarta classe, estamos a lidar com licenciados, gente
com currículo académico, gente que ascende a cargos de chefia e exerce sobre os
outros o seu poder gramaticalmente enodado. Serem estes exemplos mais comuns e
vulgares do que o desejável… inquieta-nos. A dislexia, que tem servido para
tudo num sistema de ensino onde a língua portuguesa é tratada sem o mínimo decoro,
também não justifica o terrorismo a que vamos sendo sujeitos. Não estamos a
falar de meros lapsos gramaticais ou de incorrecções gráficas, quando chegamos
à sintaxe o aspecto é deplorável e, muitas vezes, completamente
incompreensível. Ficam as dúvidas: onde estudou esta gente? Como passaram de
ano para ano a escrever desta forma? Como comunicam com os seus subordinados?
Pode alguém levar a sério uma lei, uma ordem, uma regra, votada, indicada,
aplicada por gente que escreve desta maneira?
2 comentários:
Só porque a senhora é antropóloga está V. (e João Lisboa) a atacá-la.
É antropóloga e faz
estudo de campo,
lá para os lados
de São Bento.
Ainda descobre
uma língua morta
nas ruínas
do parlamento.
Saúde,
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