Quem (como J. R.) não cuidou nada da sua promoção artística, no plano, quase cómico ou mesmo muito cómico de tão frenético, como ela hoje entre nós e não só, tá visto, se pratica; quem (como J. R.) atirava ao ar o que lhe saía da mão com (saber-se-á alguma vez como e porquê?) o à-vontade de querer voar também (da janela à rua), não vai supor, ninguém suponha, que vivaços mexilhões terrenos, até os amigos da lagrimeta saudosista, se preocupem agora com ele. Vai para sete anos, numa breve nota necrológica publicada no & etc... do Fundão, fiz este vaticínio. A obra que o João deixou pode, por uma coerência natural com ele, ter destino paralelo. Até aqui, aconteceu.
Luiz Pacheco, in Textos de Guerrilha 2.ª série, Ler, Editora, Junho de 1981, pp. 79-81. A imagem ao alto, de João Rodrigues, foi copiada de Surrealismo/Abjeccionismo - antologia de obras em português seleccionadas por Mário Cesariny de Vasconcelos de acordo com o propósito inicial, Editorial Minotauro, Março de 1963.
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