Um texto de João Lisboa para ler na íntegra: aqui. Excerto:
Naturalmente, letras de canções (sem deixarem de ser
matéria literária) são letras de canções e poesia é poesia. Mas, no caso de
Dylan (como acontece também, de formas diversas, com Cohen, Brel, Buarque,
Caetano) essa distinção começou a deixar de fazer sentido, pelo menos desde
1965, quando escreveu e gravou "Like A Rolling Stone". Num dos textos
que acompanham a recente compilação The Cutting
Edge, explica-se que foi por essa altura que Dylan abandonou a ideia
de publicar um livro de poesia que começara a escrever no início dos anos 60 ao
aperceber-se que uma canção poderia conter tantas ideias como um romance ou um
poema. Na mesma época, numa entrevista com a realizadora e argumentista Nora
Ephron (então jornalista do “New York Post”), esta perguntou-lhe se os textos
dele sobreviveriam no papel, sem música. A resposta foi “Claro que sim. Mas eu não os leio.
Prefiro cantá-los”. “Muito mais
importantes do que entertenimento ligeiro”, as canções eram, para Dylan, “uma república diferente, uma
república libertada” e, enquanto,
ingenuamente, o mundo continuava a classificá-las como rock (ou folk rock) o
que os ouvidos iam escutando eram, sim, os sucessivos capítulos da mítica
“Great American Novel”.
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