O que há nas boas notícias que as torna desinteressantes? As
boas notícias são como as personagens boazinhas, rapidamente as olvidamos.
Paradigma, ao Kevin Spacey de Sete Pecados Mortais bastaram poucos minutos em
cena para se tornar inesquecível. A quantas personagens boazinhas é dedicada a
mesma atenção? Amélie Poulain precisou de um filme inteiro centrado nela. Da Áustria
chegam-nos boas notícias. A derrota da extrema-direita nas presidenciais só
aparece ao fundo da página. Seria assim se tivesse vencido? Por sua vez, no
topo temos o não à reforma constitucional referendada em Itália. A acompanhar a
notícia, que para o cidadão comum não é boa nem é má, lá vem o parágrafo sobre
eventuais eleições antecipadas, porta aberta aos populismos italianos, declarações
da xenófoba francesa Le Pen à propos. Os media já não sabem viver sem esta
excitação do mal, do negativo, do medo. O pânico é um aliado infalível das
notícias, mas um inimigo cruel da reflexão. Por que é que uma boa notícia na
Áustria não tem o mesmo interesse que uma notícia assim-assim em Itália? Porque
a notícia assim-assim tem uma face carregada de ansiedade, e é isso que empolga
as massas, atrai as atenções. Desta miséria humana já não nos safamos.
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