e somos bastantes
de tectos e vãos
se abriga um chão:
em primeiro lugar
o lugar o suporte
sem terra não há como
ganhar fundação / em vidro temperado
crescer filhos fortes / meu sonho perdido
assim vamos sendo / canto no banho
empreendimento / choro algas
pilares bem assentes / e óperas
na terra dos outros / ser filho dos pais
acinzenta-se o mundo / empresa fatal:
irmãos com irmãos / não me comovo
cunhados muitos / com coberturas
dinheiros seguros / manobras de cálculo
revestem-se muros / movimento de gruas
cinzelados a frio / minhas mãos de pedra
andaimes varandas / acinzentam o mundo
divisórias de abrir / assenta-se o lar
campainhas alarmes / em vidro temperado
só lhe falta falar: / para sempre mudo
e tudo constrói / (cinzento-calado)
unidade no lar /
Ricardo Tiago Moura (n. 1978), in pequena indústria, Tea For One, Janeiro de 2016, p. 19.
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