O cumprimento é uma das formas que tenho de apurar o
carácter de uma pessoa. Não me refiro ao tipo de cumprimento, mas ao cumprimento ele
mesmo. Alguém que te conhece e te vê em algum lado fingindo que não viu,
evitando o cumprimento ou adiando-o à espera, porventura, de ser cumprimentado,
não é propriamente um cretino. É só uma pessoa infantil. Como não suporto gente
adulta com comportamentos infantis, faço questão de mostrar o que é ser
homenzinho e estendo a mão com complacência e afecto. Às vezes até faço uma festinha no ombro, como quem afaga o pêlo ao cão. É uma questão de educação, assim como quem diz: vês, não custa nada, só fica bem, depois podemos voltar a
ignorar-nos para o resto das nossas vidas.
2 comentários:
está a confundir as coisas. muitas vezes não há mesmo nada para dizer, nem bom dia nem boa tarde. ou então é timidez, ou falta de paciência, ou tudo junto, ou está a dormir acordado, ou acordado a dormir, ou pura e simplesmente não gosta de si.
seja como for, o cumprimento é um comportamento (regra de etiqueta) sobrevalorizado. tenho vizinhos que sempre que me vêem nas escadas do prédio cumprimentam-me, se me encontram no meio da rua desviam a cara. eu regra geral olho de frente e se falam, falam, se não falam, não falam. Acontece-me também ex-colegas de escola. fico às vezes a olhar fixamente se conheço ou não conheço a pessoa... sobretudo aqueles gajos que a dada altura se dedicaram ao ginásio e agora parecem jogadores de rubgy... regra geral desviam o olhar, que se lixe.
aconteceu-me o ano passado, nas finanças, um gajo barbudo e gordo a olhar para mim e a sorrir, dando a sensação que se dirigia a mim. aí fui eu que desviei o olhar, ignorando-o, admito. depois de pagar o que tinha a pagar, ao caminhar na rua, imaginei esse mesmo gajo com menos 10 kg e sem barba e era claramente um ex-colega de escola que eu ignorei olimpicamente. é vida.
penso neste problema, de facto, e chego a uma conclusão diferente, talvez mais pessoal, se eu nem consigo reconhecer a malta que andou comigo na escola, se os meus vizinhos não me reconhecem a mim fora do ambiente aconchegante das escadas do prédio, ou não querem reconhecer ou o que seja, (talvez não concebam a ideia de eu existir fora do prédio...), não vale a pena perder 1 segundo que seja da minha vida a pensar no carácter dos outros. é mais ou menos como querer escrever um enciclopédia sem conseguir distinguir as vogais das consoantes. para mim.
pois, eu confundo muito as coisas. felizmente há quem veja tudo muito claro.
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