quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O AMOR COMO AZAR

Conhecemos a inveja, a cobardia e o amor como se fossem azares e não razões. Eu creio que a presença de espírito perante a vida vem desse encontro com as peripécias que não nos atingem, só nos alimentam a imaginação. Aprendemos a não nos desiludir porque não aspiramos a ser protagonistas de nada deste mundo. Bastamo-nos com ser parceiros na história que, por ser fingida, nos dá a garantia de ser inofensiva. Passa-se com os outros, e portanto temos a liberdade melhor de todas que é a de acreditar que estamos a salvo de tudo o que sucedeu e sucederá.

Agustina Bessa-Luís, in Doidos e Amantes, Guimarães Editores, 2005, p. 20, citada por Isabel Rio Novo, in O Poço e A Estrada - biografia de Agustina Bessa-Luís, Contraponto, Fevereiro de 2019, p. 432.

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