segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

UM POEMA DE F. S. HILL

24.

Hoje dei início à fundação de um novo país
país-boca
onde o peixe não morre porque sim
onde a palavra não precisa remendar o gesto
onde o teu olhar é toda a luz necessária
para atravessar a noite
a tua ausência-corpo
o teu corpo ausente do meu sexo
também ele boca como o teu
onde todos os sexos são boca
e todas as bocas coração
e quando sorris
o tempo não existe
nem as casas que despimos
por não cabermos dentro delas
e a pele estende-se manta e saboreamos a manhã
fruto plantado no pensamento
agora vou contemplar o meu país
ele que cresce inconsciente de nós.


F. S. Hill, in Gesso, Debout Sur l'Oeuf (DSO), Novembro de 2017, p. 34.

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