O assunto já fede, mas façamos um resumo: a historiadora
revelou-se ignorante ao escrever que a mutilação genital feminina é “imperativa
nas tribos muçulmanas” (a mutilação genital feminina precede o islamismo e não
é praticada em muitos países muçulmanos).
Evidenciou também uma lógica absurda com a enigmática
genealogia do “nem uns nem outros [africanos e ciganos] descendem dos Direitos
Universais do Homem”, não se percebendo se os direitos deixaram entretanto de
ser universais ou se há direitos de autor a pagar, e o non sequitur “os
africanos são abertamente racistas”, como se ficasse legitimado o racismo dos
brancos, quando a única conclusão que se poderia retirar – se se desse por
válida a observação – é que também na propensão para o racismo alguns brancos e
negros não se distinguem e transcender as nossas tendências naturais é um
desafio comum a todos os homens. Enfim, frise-se ainda o insondável
mistério que são as defesas inflamadas da “entidade civilizacional e
cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade” sem um resquício de bondade
cristã.
Como discutir serenamente o delicado e complexo tema das
quotas étnico-raciais depois da diatribe da Doutora Bonifácio?
Vasco M. Barreto, aqui.
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