Ama um caracol,
Uma lesma,
E chora.
Ou sustém as lágrimas.
Há um tigre na tua varanda,
que ninguém vê.
Alimenta-o.
Que chegou o tempo dos homens-leões
E quem sabe?
Tigre, caracol, lesma,
Cercam-te como uma duração.
Vive o mundo em cada nome,
Esses, de animais ausentes
Ou invisíveis,
Quase.
E recorda a tarantela dos arraiais
Longínquos, as cercanias
Das cidades dos outros, os seus frutos.
Tu és dos cantos do Sul,
Sem gelosias para tapar o sol,
E espreitas à janela
Os ritmos da terra, as raízes sincopadas
Nos quadris, os deuses que sobem
Das raízes das árvores, os mortos
Saciados com vinho
E panos à cintura.
Marrabenta & Tarantela,
Zefanias sem usura.
Luís Carlos Patraquim, in A Canção de Zefanias Sforza, Porto Editora, Junho de 2010, pp. 79-80.
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