terça-feira, 16 de novembro de 2021

FILOSOFIA

Acabei de apanhar no Facebook publicidade a um Festival de Filosofia, em Abrantes. Nada contra tais modernices, mas fiquei algo surpreendido quando ao espreitar, por curiosidade, os oradores do dia, não encontrei um único filósofo. O mais que se aproxima disso é Miguel Serras Pereira, de quem li, em tempos, "Outra coisa: poesia, psicanálise e política – algumas linhas". Isto deu-me ideias. Imaginem um festival de poesia sem poetas (já se vão fazendo, eu sei), ou um festival de música sem músicos. Imaginem um festival de marisco sem marisco. Uma vez, há muitos anos, entrei com a família numa croissanteria que não vendia croissants. Tem a sua piada. Um festival da canção sem canções, com o José Gil a "rappar" sobre o obstáculo da identidade e com o Manuel Maria Carrilho a especular sobre o anti-édipo em registo de cante alentejano e com o sociólogo José Bragança de Miranda a trautear Jean-François Lyotard.

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