quinta-feira, 21 de abril de 2022

GUERRA DAS FRASES

 

Para António Araújo, com consideração

 

Não me espanta que Ricardo Costa julgue um delírio a posição do PCP sobre a audição a Volodymyr Zelensky na Assembleia da República Portuguesa, o que me espanta é ele não perceber que o delírio fundamenta-se nos factos reproduzidos pela comunicação social também por si representada. (Henrique Manuel Bento Fialho, weblog Antologia do Esquecimento, 21 de Abril de 2022). «Pelo menos 42 pessoas foram mortas numa batalha campal entre apoiantes e opositores da Rússia no sul da Ucrânia que terminou com dezenas de manifestantes pró-Rússia incinerados num prédio em chamas, levando o país para perto da guerra.» (Miran Jelenek, Reuters, 4 de Maio de 2014). «Azov, o batalhão neonazi que vai defender Mariupol. É um dos batalhões mais ferozes de entre as dezenas que lutam ao lado do Exército oficial da Ucrânia. A sua missão é “liderar as raças brancas do mundo numa cruzada final pela sua sobrevivência”.» (Alexandre Martins, Público, 1 de Setembro de 2014) «Os guerrilheiros Azov são a maior arma da Ucrânia e podem ser a sua maior ameaça. O desejo dos voluntários do batalhão de extrema-direita de trazer a luta para Kiev é um perigo para a estabilidade pós-conflito.» (Shaun Walker, The Guardian, 10 de Setembro de 2014) «O governo da Ucrânia proibiu nesta sexta-feira toda a atividade dos três partidos comunistas do país e sua participação nos processos eleitorais, anunciou o chefe do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Alexander Turchinov.» (exame., 24 de Maio de 2015) «O italiano Francesco Saverio Fontana, conhecido radical de extrema-direita e envolvido em organizações neonazis paramilitares ou que apregoam a pureza racial, vem dar uma conferência este sábado às instalações dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, Oeiras. Francesco Saverio Fontana é sobejamente conhecido pela sua ligação a movimentos neofascistas italianos como a Avanguardia Nazionale ou o Casapound. Em 2014, esteve ligado ao Pravy Sektor (Sector Direito), um partido ultranacionalista da extrema-direita ucraniana e integrou o Azov, um batalhão neonazi que lutou contra os separatistas no Leste da Ucrânia.» (Cristiano Pereira, Jornal de Notícias, 25 de Setembro de 2015) «Embora a lei ucraniana permita que organizações civis desarmadas ajudem as forças da lei, para muitos observadores a cerimónia de Kiev foi uma reminiscência da Alemanha de 1930 e despertou receios de que a frágil democracia ucraniana corra o risco de ser sequestrada por uma extrema-direita cada vez mais confiante. O Partido do Corpo Nacional e outros partidos de extrema-direita estão com menos de 5% nas intenções de voto, mas os analistas dizem que podem explorar a instabilidade económica e social da Ucrânia para aumentar as suas hipóteses eleitorais.» (Marc Bennetts, The Guardian, 13 de Março de 2018) «Grupos neo-nazis recrutam britânicos para combater na Ucrânia-» (Kevin Rawlinson, The Guardian, 2 de Março de 2018) «A Ucrânia tornou-se para a extrema-direita o que a Síria foi para o Daesh. Militantes recebem treino, melhoram tácticas e técnicas e estabelecem redes internacionais, e depois regressam aos seus países. Milhares de estrangeiros combateram em milícias contra os separatistas pró-russos no Leste do país.» (Ricardo Cabral Fernandes, Público, 21 de Junho de 2020) «Os Pandora papers revelam que Zelenskiy participou de uma extensa rede de empresas offshore em co-propriedade com os seus amigos de longa data e parceiros de negócios na TV» (Luke Harding, The Guardian, 3 de Outubro de 2021). «O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos estima que o número total de baixas no conflito na Ucrânia desde 14 de Abril de 2014 a 3 de Dezembro de 2021 seja de 51,000-54,000: 14,200-14,400 mortos (pelo menos 3,404 civis, 4,400 das forças ucranianas, e aproximadamente 6,500 membros dos grupos armados), e 37-39,000 feridos (7,000-9,000 civis, 13,800-14,200 das forças ucranianas e 15,800-16,200 membros dos grupos armados).» (Relatório oficial da ONU, 27 de Janeiro de 2022) «O PCP não apoia a guerra. Dizer o contrário é uma vergonhosa calúnia. O PCP tem um património inigualável na luta pela paz. O PCP não tem nada a ver com o governo russo e o seu presidente. A opção de classe do PCP é oposta à das forças políticas que governam a Rússia capitalista e dos seus grupos económicos.» (Jerónimo de Sousa, Campo Pequeno, 6 de Março de 2022) «Pelo menos dez países europeus venderam armas e material bélico à Rússia, depois do embargo decretado em 2014, após a anexação da Crimeia. O valor das exportações é de quase 350 milhões de euros.» (Jornal de Notícias, 17 de Março de 2022) «Zelensky anunciou a suspensão de 11 partidos políticos, por alegadas ligações à Rússia. Entre eles, encontram-se várias forças políticas com “socialista” ou “esquerda” no nome, o que está a ser interpretado por alguns como um ataque à esquerda. Mas também foi suspenso o maior partido da oposição, o ultraconservador Plataforma da Oposição – Pela Vida.» (Luís Ribeiro, Visão, 21 de Março de 2022) «Zelensky convidou um combatente do Batalhão Azov para discursar no parlamento grego, o que abriu a polémica no país. Governo considerou inapropriado, Varoufakis fala em normalização do nazismo.» (João Francisco Gomes, Observador, 7 de Abril de 2022) «Zelensky na AR. Quase um quarto concorda com o voto contra dos comunistas. Sondagem dá conta que há bem mais portugueses a concordar com a posição dos comunistas sobre a intervenção do presidente ucraniano no parlamento do que aqueles que votaram PCP nas legislativas.» (Rafael Barbosa, Diário de Notícias, 21 de Abril de 2022)

7 comentários:

Um Jeito Manso disse...

Lamento.

http://umjeitomanso.blogspot.com/2022/04/a-historia-da-velhinha-e-dos-escuteiros.html

hmbf disse...

Fui ver, vim-me embora. Bastou ler PZP. Não desço a esse nível.

Um Jeito Manso disse...

Uma letra não pode ser suficiente para não se querer perceber o que se passa.

Ao ser incapaz de denunciar veementemente os crimes de Putin e exigir o fim da invasão e da agressão, ao querer que a Ucrânia se renda à vontade de Putin, na prática, o PCP está a pôr-se ao lado das tropas que arrasam e destroem outro país e ostentam a letra Z:

hmbf disse...

Eu sou militante do PCP. Qualquer associação do meu partido à invasão russa, como tem sido feito por uns palermas no Twitter que se referem ao PCP como PZP, será para mim insultuosa. Portanto, passo à frente. Quando o nível de argumentação é esse, não me interessa.

hmbf disse...

E mais esta. Vem aqui fazer o que tem sido feito em geral, dizer que eu não faço o wue fiz. Chega esta?

http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2022/02/putin-e-merda.html?m=1

Se não chegar tem aqui mais:
1.Sou contra a guerra. Sempre. Quando os conflitos armados parecem inevitáveis, continuo a ser contra a guerra. Sempre. Ingenuidade? Que seja. Prefiro-me ingénuo a cúmplice do ódio e da opressão, que é o que a guerra traz. (14 de Fevereiro)

2. Continuarei indisponível para a guerra. Sempre. E não entrarei em discussões sobre bons e maus. Já vi o filme, já li sobre vários desses filmes. Quero que os senhores da guerra se fodam. A minha esperança é que alguém os desventre antes da mãe de todas as bombas cair. Só desejo morte à guerra e aos senhores da guerra e da ganância. (21 de Fevereiro)

3. Sou contra a invasão da Ucrânia. Ao invadir a Ucrânia, a Rússia coloca-se numa posição semelhante à de Israel na Palestina. Sou contra. (24 de Fevereiro)

4. Só há uma forma de resolver o problema: serem os russos a decapitar o problema. E o problema tem nome: Putin. (25 de Fevereiro)

Etc, etc, etc, etc...

Eu bem sei que não se pode ler tudo, mas podia haver o mínimo de decência em não afirmar que alguém não fez o que tem passado a vida a fazer. E depois disto acha que posdo ter algum interesse em ler um texto com referências a um tal PZP?

Um Jeito Manso disse...

Claro que leio e tinha lido.

E concordo que o problema tem um nome e que a solução passa por aí.

O que não é compreensível é que o PCP não perceba que, enquanto o problema não é resolvido na origem, a única maneira de a Ucrânia resistir (porque tem o direito a ser um país livre) é ajudá-la a defender-se da chacina que Putin vem ordenando.

Também sou absolutamente a favor da paz mas há momentos em que se tem que pegar em armas para tentar demover ou afastar quem, armado até aos dentes, tenta matar, espoliar, destruir.

E isto o PCP estranhamente parece não perceber.

É estranhíssima a forma como o PCP tem agido. Por exemplo, pode não se amar de paixão o Presidente Zelenskyy mas é o presidente eleito de um país que está a defender-se até à última gota de sangue para tentar continuar a ser um país livre. E o PCP ausenta-se da Assembleia...?

É estranho e incompreensível.

Mas, enfim, cada um sabe de si.

hmbf disse...

O que o PCP não percebe é como se defende um país impelindo-o para o abismo e a destruição. Alguém pode sequer supor que a guerra é solução para o conflito? Veja as coisas desta maneira: alguma vez ouviu o PCP a pedir mais armamento para os palestinianos? Acha que o conflito na Palestina se resolveria com os palestinianos armados até aos dentes?

Para mim não é estranhíssimo a forma como o PCP tem agido, o que é estranho é ver os cretinos que andaram a vender vistos gold a oligarcas russos, andaram a negociar com Putin, venderam-lhe milhões de euros em armamento, andarem agora a criticar o PCP.

Sobre a ausência do PCP na audição a Zelensky já me referi anteriormente. Eu, como militante do PCP, ficaria indignado se fosse outra a atitude. Da mesma forma ficaria indignado se a audição fosse com Putin ou se fosse com o líder do Hamas para pedir armas para combater Israel, etc, etc, etc... Explicarei melhor num outro post.