terça-feira, 17 de maio de 2022

BLACK LIGHT (2020)

 


Os primeiros sintomas apareceram na quinta-feira, dia 12. O teste confirmou: positivo. Novo teste positivo na sexta-feira 13, para tirar as teimas. Febre, perda de paladar e olfacto, congestionamento nasal, tosse, cansaço extremo, dores de garganta e de cabeça, tensão os músculos a pedirem piedade, irritações na pele, comichão horrível, diarreia. Tive tudo à vez. O pior foi mesmo o cansaço extremo, de que ainda não recuperei totalmente, e a diarreia. Vou poupar nos pormenores. Só ontem ao final do dia comecei a sentir-me melhor, depois de um retiro com caminhadas, as possíveis, a ver se o suor deitava para fora as sobras de virose. Não é gripezinha, que já as tive. Foram 10 dias de fadiga e de prostração como nunca senti, física, incontrolável, o corpo abatido num quebranto frustrante. Bichos malvados, estes vírus que nos provam, também eles, sermos mais frágeis do que borboletas neste mundo. E nem bichos são. Onde apanhaste?, perguntam. Como se fosse possível sabê-lo, digo que foi no concerto dos LAB por achar piada ter vindo de lá contaminado por mais do que a música contagiosa de Ricardo Pinheiro e Miguel Amado. Leio hoje num jornal diário: abandono e desertificação do interior, mortalidade materna, guerra, embargos, maus tratos de animais, homicídios, pesticidas, aumento das sentenças de morte, guerra na Ucrânia (uma dúzia de artigos com títulos diferentes), varíola-dos-macacos (4 artigos), prédios reabilitados sem habitantes, serviço militar obrigatório, e este título surpreendente: «Um terço dos alunos e metade dos professores apresentam sinais de sofrimento psicológico.» A sério? Como é possível, com tanta notícia boa? Espantoso é ainda haver gente feliz, espantoso é a palavra felicidade ainda não ter sido banida dos dicionários.

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