LÁGRIMAS DE
Hoje dormi à sombra de um cedro duro (disse na farsa). / Imitei-lhe a folhagem caduca (nada sei de Biologia). / Espalhei o seu cheiro amargo miraculosamente / Pelas virilhas com que corri para o veludo dos abraços. / Quis que florescessem rosas coroadas, abertas e nocturnas. / O que molhou o pijama (expliquei na lavandaria. / Eram lágrimas 'de pôr fim'). / Colegial aflito, exausto e extasiado por culpa da sujidade. / Expliquei, com caligrafia aveludada, a polução. / (Devia permanecer alvo, cálido floco de neve?)
José Emílio-Nelson (texto), Bárbara Fonte (desenho), in Putrefacção e Fósforo / Coração Cru, Abysmo, Novembro de 2020, p. 35.
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