A "likeable poetry" é um género de poesia que
congrega o poema-piada, o poema-choninhas, a chamada poesia-de-iroku (Iroku: poeta
japonês da dinastia Tang, assim conhecida por terem sido inventados nessa época
os conhecidos refrescos em pó com o mesmo nome), o poema-de-belo-efeito, também
chamado poema-trivela, o metapoema de três versos com referência a flores, luz,
mar, passarinhos e harmonia universal, o poema-de-auto-ajuda e demais tipos, formas e
subgéneros que sirvam para sacar likes no chamado social networking. São poemas
atreitos a reacções do tipo: lindo, tão querido, oba, amei, é isto, top, entre outros
apontamentos críticos de similar profundidade de pensamento e de sentimento.
São poemas emotivos sem motivo, são poemas emocionais. Estes poemas que tornam
as noites mais solares e os dias menos pesarosos têm uma função deveras
relevante na nossa sociedade, embora ainda não tenhamos descoberto qual. Mais
sedutora do que qualquer fragmento de Píndaro, mais popular do que qualquer
soneto de Camões, a "likeable poetry" aí está para perdurar
contrariando a própria substância efémera destes meios e a natureza da
sabedoria popular: "Não há mal que sempre dure, nem bem que se não
acabe".
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