O
globo. Agora mini.
Moda = modo.
Cabe no globo
ocular
do astronauta.
Adereço
já crónico (anacrónico) na mesa
burocrática cósmica.
O argueiro no olho
de todos.
Um brinquedo terrível de subtis
mãos infantis.
As
crianças brincam com o globo.
Os
subtis subtraem o seu jogo.
Desunem-se
os estados
unidos.
Rasgam o oceano
pacífico.
Toda a grande muralha se
esfrangalha.
Pequenas
nações a nadar para o mar
morto.
A península virou
ínsula.
A áfrica negra continente
sem conteúdo.
As crianças
brincam com o globo.
As
mãos queimam-se
no jogo jogam com o
fogo.
Pólo
a pólo o globo
Gira: indiferente?
Um pouco mais ai ai
e lá se vai o globo
globalmente.
Arnaldo Saraiva (n. 1939), in In, com desenho de Ângelo de
Sousa, Edições ASA, 1983. Publicado originalmente no Diário de Notícias, 8 de
Fevereiro de 1968. «De um humor corrosivamente imaginoso tocado pelo
concretismo brasileiro, æ (poemas 1959-66), 1967, In, 1983, mais conhecido
como ensaísta notável cronista e investigador» (A. J. Saraiva, Óscar Lopes, in
História da Literatura Portuguesa).
1 comentário:
Tão bom. Perfeito.
Enviar um comentário