sexta-feira, 29 de setembro de 2023

8 BILHÕES

 
8 bilhões de seres humanos no planeta, 8 bilhões que é preciso alimentar, 8 bilhões desejando carne e peixe na mesa, pão e vinho para 8 bilhões que precisam de tecto e de roupa e de cuidados de saúde, 8 bilhões a sonhar com viagens de avião, cruzeiros, mesas fartas no Natal, 8 bilhões em festas, festivais, feiras, a consumir e a produzir lixo, 8 bilhões a andar de cá para lá, calçados, vestidos, peles, fibras, fio, café e chá para 8 bilhões, soja, batata, arroz para 8 bilhões, trigo, milho, cevada, chicória e centeio para 8 bilhões, mais as guerras com seus mísseis e drones, mais os smartphones com ecrã táctil e as baterias de lítio, mais os químicos para acelerar tudo isto e os cabos e os satélites e os jactos privados, 8 bilhões de seres humanos a esmifrarem o planeta diariamente e sem vontade nenhuma de parar, suspender, mudar o modo de vida, as ilusões do luxo e do conforto, as certezas do desperdício e do desconsolo. 8 bilhões. Claro que o planeta não aguenta, claro que mais tarde ou mais cedo vamos todos sufocar com o cheiro a borracha queimada dos pneus a travarem em alcatrão. Até lá, pois, enfim, uns entretêm-se a censurar e a encontrar defeitos em quem protesta, outros protestam. Também há quem coma pipocas enquanto assiste a tudo pela TV, incêndios, furacões, inundações, antes de se deitar a contar 8 bilhões para adormecer.

1 comentário:

Olinda Melo disse...


Uma calamidade!
Abraço.