domingo, 24 de dezembro de 2023

DEUS MENINO

 


Ninguém sabe quando nasceu Jesus. Apontam os dias 13 de Abril e 14 de Outubro como os mais prováveis, no ano 4 antes do próprio ter sido parido por uma mãe que engravidou sem sexo. Nunca esquecer que sexo é pecado, seria impensável o filho de Deus nascer em pecado. Para ele foi aberta uma excepção. Excepções e privilégios e cunhas têm a bênção do Senhor. Andamos desde Outubro a enfeitar ruas, a agitar comércio, a fazer barulho por isto. Há quem ande há semanas a desejar boas festas todos os dias. Hoje, as famílias vão reunir-se e as criancinhas vão desembrulhar a destruição do planeta Terra. Alguém consegue imaginar a quantidade de papel que irá directamente para a fogueira logo à noite? E as porcarias inúteis que foram compradas para serem desperdiçadas? Meta um lacinho, ai que embrulho tão bonito, os sacos de papel da Bertrand custam 15 cêntimos, dantes existiam para facilitar a vida aos livreiros que têm formação de embrulhadores. Parte da humanidade é isto, opulência em torno de uma gravidez aldrabada e do nascimento de um tipo que ninguém sabe quando nasceu. Depois queixem-se do Chega e das fake news. Vocês andam a mentir a vocês próprios há anos. Espero que sejam felizes, claro. Mesmo na mentira, o meu desejo profundo é que sejam todos muito felizes e que acabe a escravatura no mundo e que o homem não explore outros homens e que se ponha um fim às guerras e que as indústrias farmacêutica e militar vão à falência por falta de procura e que o pai Natal exista. Ele e o menino Jesus, aquele que andámos a impor aos pretos que vendíamos como gado e aos índios exterminados das Américas. Na Ásia não tivemos a mesma sorte, levámos na pinha e foi bem-feita. Ah o Natal, gosto tanto. Esta época de verdade e de reflexão e de paz e de amor.

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