«Foi nesse instante que uma criança, a quem ensináramos a manejar o fio que mantinha voando o Pégaso alado, perguntou a outra, e depois ainda a outra, e finalmente a mim:
— Um homem a morrer chama-se moribundo,
e a um livro?
Respondi-lhe que tal nome ainda não existia, mas que tudo haveria de depender do despojamento das nossas categorias mentais
e da misericórdia que alcançássemos como pobres. Como a visse triste com a resposta, e o livro puxasse pelo fio, mandei-a ter com Comuns que este talvez soubesse o nome do que jamais seria lido.
E vi Comuns fazer-lhe sinais: — Lusíadas — disse — é o
nome deste papagaio de papel. A criança riu-se com o nome dado a Pégaso,
e eu deixei-a com o fio.»
Maria Gabriela Llansol, in Da Sebe ao Ser, Edições Rolim, Dezembro de 1988, p. 138.
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