Esta noite sonhei que tinha ido às gavetas respigar um
monte de papelada para a fogueira. Ele eram poemas, contos, projectos, diários,
posts, peças inteiras, numa pilha sem fim prestes a transformar-se em cinza.
Antes de deitar tudo às chamas, pus-me a contar as folhas. 1, 2, 3, 4… Às 500
parei. Havia reparado que uma folha tinha, por vezes, mais do que um texto.
Então, liguei o computador, abri o Excel, e fiz uma tabela com uma coluna para poemas,
outra para contos e assim sucessivamente. Voltei a contar tudo, como se
estivesse numa mesa de voto a contar votos. E à medida que contava, registava.
Só que chegava sempre ali a um qualquer momento em que me distraía ou com um
verso ou com uma palavra ou com uma data ou com um título, logo perdendo o fio
à meada. Ficava sem saber onde ia, esquecia-me de inserir os dados. Sabia
apenas para onde queria ir e o que tinha de fazer. Voltava atrás, apagando os
números já inseridos em Excel e reiniciando o inventário. Isto aconteceu-me
várias vezes. Chegava sempre a um ponto em que me esquecia do número de poemas
que tinha contado, me distraía da inventariação, perdia-lhes a conta. Desisti. Acordei
a pensar que queimar papelada dá um trabalho imenso.
1 comentário:
O excel não se dá com a poesia, é coisa de burocratas:)
~CC~
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