domingo, 11 de fevereiro de 2024

ÀS DUAS HORAS DA MANHÃ

 


Em “Às Duas Horas da Manhã”, o alemão Falk Richter questiona os efeitos do trabalho e da tecnologia na vida íntima de pessoas cujas relações se apresentam congeladas. O mundo globalizado é o de uma rede geradora de solidão que torna confusa a fronteira entre o real e o virtual. Num teatro que recupera a função de questionar a vida na cidade, este é também um momento de catarse, um grito contra as democracias liberais rendidas ao capitalismo selvagem sufocante e esmagador da identidade. Levada à cena, pela primeira vez, em Frankfurt, no mês de Fevereiro de 2015, esta peça tem por base momentos de inquietação e de insónia que espoletam crises latentes de sentido. Os problemas existenciais das personagens revelam-se descontrolados, desgastam os indivíduos levando-os a situações de esgotamento nervoso. A busca de um outro real entra em conflito com as exigências do trabalho, a pressão relacionada com o tempo, a optimização e eficiência dos procedimentos, uma exigência de identificação plena com a dimensão laboral que se intromete nas vidas íntimas das personagens e nas suas relações interpessoais. «Porque se trata só de AVANÇAR E MELHORAR, não vale a pena parar por coisa nenhuma e muito menos por causa de um ser humano e especialmente para estar a seu lado», diz Marc em registo de palestra motivacional. O que é a autenticidade num mundo que impele os seres humanos para o vazio da auto-representação, da dissimulação, do disfarce, da uniformização? Como autor e encenador, Richter desenvolveu este projecto teatral a partir dos seus próprios textos em conjunto com músicos, actores e bailarinos. A música original foi composta pelos islandeses Helgi Hrafn Jónsson e Valgeir Sigurðsson, sendo o segundo um reconhecido produtor que trabalhou com artistas de renome internacional tais como Björk, Radiohead, Sigur Rós.

1 comentário:

Sônia disse...

Bendigo o dia da minha aposetnadoria. Agora escolho o que quero vivenciar....