Em “Às Duas Horas da Manhã”, o alemão Falk Richter questiona os efeitos do trabalho e da tecnologia na vida íntima de pessoas cujas relações se apresentam congeladas. O mundo globalizado é o de uma rede geradora de solidão que torna confusa a fronteira entre o real e o virtual. Num teatro que recupera a função de questionar a vida na cidade, este é também um momento de catarse, um grito contra as democracias liberais rendidas ao capitalismo selvagem sufocante e esmagador da identidade. Levada à cena, pela primeira vez, em Frankfurt, no mês de Fevereiro de 2015, esta peça tem por base momentos de inquietação e de insónia que espoletam crises latentes de sentido. Os problemas existenciais das personagens revelam-se descontrolados, desgastam os indivíduos levando-os a situações de esgotamento nervoso. A busca de um outro real entra em conflito com as exigências do trabalho, a pressão relacionada com o tempo, a optimização e eficiência dos procedimentos, uma exigência de identificação plena com a dimensão laboral que se intromete nas vidas íntimas das personagens e nas suas relações interpessoais. «Porque se trata só de AVANÇAR E MELHORAR, não vale a pena parar por coisa nenhuma e muito menos por causa de um ser humano e especialmente para estar a seu lado», diz Marc em registo de palestra motivacional. O que é a autenticidade num mundo que impele os seres humanos para o vazio da auto-representação, da dissimulação, do disfarce, da uniformização? Como autor e encenador, Richter desenvolveu este projecto teatral a partir dos seus próprios textos em conjunto com músicos, actores e bailarinos. A música original foi composta pelos islandeses Helgi Hrafn Jónsson e Valgeir Sigurðsson, sendo o segundo um reconhecido produtor que trabalhou com artistas de renome internacional tais como Björk, Radiohead, Sigur Rós.
domingo, 11 de fevereiro de 2024
ÀS DUAS HORAS DA MANHÃ
Em “Às Duas Horas da Manhã”, o alemão Falk Richter questiona os efeitos do trabalho e da tecnologia na vida íntima de pessoas cujas relações se apresentam congeladas. O mundo globalizado é o de uma rede geradora de solidão que torna confusa a fronteira entre o real e o virtual. Num teatro que recupera a função de questionar a vida na cidade, este é também um momento de catarse, um grito contra as democracias liberais rendidas ao capitalismo selvagem sufocante e esmagador da identidade. Levada à cena, pela primeira vez, em Frankfurt, no mês de Fevereiro de 2015, esta peça tem por base momentos de inquietação e de insónia que espoletam crises latentes de sentido. Os problemas existenciais das personagens revelam-se descontrolados, desgastam os indivíduos levando-os a situações de esgotamento nervoso. A busca de um outro real entra em conflito com as exigências do trabalho, a pressão relacionada com o tempo, a optimização e eficiência dos procedimentos, uma exigência de identificação plena com a dimensão laboral que se intromete nas vidas íntimas das personagens e nas suas relações interpessoais. «Porque se trata só de AVANÇAR E MELHORAR, não vale a pena parar por coisa nenhuma e muito menos por causa de um ser humano e especialmente para estar a seu lado», diz Marc em registo de palestra motivacional. O que é a autenticidade num mundo que impele os seres humanos para o vazio da auto-representação, da dissimulação, do disfarce, da uniformização? Como autor e encenador, Richter desenvolveu este projecto teatral a partir dos seus próprios textos em conjunto com músicos, actores e bailarinos. A música original foi composta pelos islandeses Helgi Hrafn Jónsson e Valgeir Sigurðsson, sendo o segundo um reconhecido produtor que trabalhou com artistas de renome internacional tais como Björk, Radiohead, Sigur Rós.
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1 comentário:
Bendigo o dia da minha aposetnadoria. Agora escolho o que quero vivenciar....
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