sábado, 24 de fevereiro de 2024

UM POEMA DE YVETTE K. CENTENO

 


L'APRÈS-MIDI D'UN FAUNE
(Debussy)

O que fazem os faunos
Entidades ligeiras
No seu entardecer
Na floresta
Ou nos regatos
Que os conduzem ao mar?
Sobrevoam desejos
Dos poetas
Que os embalam
Sonhando que nunca
Será possível perder
Aquelas suaves palavras
Que perduram ainda
No seu envelhecer.
Dançam os faunos
Ao som dessas palavras
Que pontuam a vida
Nas pautas musicais
Dos poetas esquecidos
Que os faunos ajudam
A encontrar
Nas sombras da memória
Dos tempos mais felizes
Da floresta e do mar
Já não sabem o que é entardecer
E amar, ainda que em fim de vida
Quando a vida é possível
Mesmo assim ao poente
No suave entardecer.

Yvette K. Centeno, in Ainda, Companhia das Ilhas, Fevereiro de 2024, pp. 40-41.

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