"Kind of Holiday": Billie Holiday
Há dias, em conversa com amigos, dizia que nunca tive a pancada das colecções. Não é bem verdade. Coleccionei westerns durante vários anos. E terminei duas colecções de jazz, daquelas que se adquiriam nos quiosques: uma da Blue Note, outra chamada Jazz Time (três conjuntos de 17 CDs mais quatro livros em fascículos, posteriormente encadernados). Foi nos idos de noventa. Esta colecção em particular aguçou-me o apetite pelo jazz, levando-me a concertos, festivais, leituras e etc. Foi por essa altura que comecei a ouvir Billie Holiday amiudadamente, adquirindo mais tarde uma caixa com 10 CDs que julgo registarem praticamente tudo o que Lady Day gravou desde 1935 até ao desaparecimento precoce, por culpa de uma cirrose, em 1959. Deixo-vos uma entrada dos diários, datada de 10 de Janeiro de 2007: «Quando não se quer dizer que uma grande voz do jazz foi puta, diz-se que conheceu o lado negro da vida. É um pouco como aquela história das doenças prolongadas para as vítimas de cancro ou SIDA. Para os suicidas apontam-se causas desconhecidas. O mundo da cultura transborda de personalidades autodestrutivas, alcoólicos, toxicodependentes, traficantes, assassinos, proxenetas, mendigos, pederastas, putas, etc. No entanto, por vezes parece que esse lado negro da vida é um outro lado que não o lado da cultura. Talvez se queira fazer passar do mundo da cultura o lado oposto a esse lado negro, um lado níveo, diáfano, puro, deslumbrante, divinal. Mas é preciso perceber que os dois são interdependentes. O canto de Billie Holiday jamais seria o mesmo sem o lado negro que o deu à luz e nos ilumina. Devemos estar-lhe eternamente gratos pelo sofrimento e pelos excessos que o tornaram possível.»
Há dias, em conversa com amigos, dizia que nunca tive a pancada das colecções. Não é bem verdade. Coleccionei westerns durante vários anos. E terminei duas colecções de jazz, daquelas que se adquiriam nos quiosques: uma da Blue Note, outra chamada Jazz Time (três conjuntos de 17 CDs mais quatro livros em fascículos, posteriormente encadernados). Foi nos idos de noventa. Esta colecção em particular aguçou-me o apetite pelo jazz, levando-me a concertos, festivais, leituras e etc. Foi por essa altura que comecei a ouvir Billie Holiday amiudadamente, adquirindo mais tarde uma caixa com 10 CDs que julgo registarem praticamente tudo o que Lady Day gravou desde 1935 até ao desaparecimento precoce, por culpa de uma cirrose, em 1959. Deixo-vos uma entrada dos diários, datada de 10 de Janeiro de 2007: «Quando não se quer dizer que uma grande voz do jazz foi puta, diz-se que conheceu o lado negro da vida. É um pouco como aquela história das doenças prolongadas para as vítimas de cancro ou SIDA. Para os suicidas apontam-se causas desconhecidas. O mundo da cultura transborda de personalidades autodestrutivas, alcoólicos, toxicodependentes, traficantes, assassinos, proxenetas, mendigos, pederastas, putas, etc. No entanto, por vezes parece que esse lado negro da vida é um outro lado que não o lado da cultura. Talvez se queira fazer passar do mundo da cultura o lado oposto a esse lado negro, um lado níveo, diáfano, puro, deslumbrante, divinal. Mas é preciso perceber que os dois são interdependentes. O canto de Billie Holiday jamais seria o mesmo sem o lado negro que o deu à luz e nos ilumina. Devemos estar-lhe eternamente gratos pelo sofrimento e pelos excessos que o tornaram possível.»
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