quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

50 X 17

 


“Strange Days”, The Doors.

O concerto dos The Doors no Festival Marés Vivas de 2008 está entre as piores experiências da minha vida. Lá estavam Robby Krieger na guitarra e um inenarrável Ray Manzarek nas teclas, mas era como se não estivessem. Há bandas de covers que fariam melhor figura. Aquilo foi um cerimonial ao santo padroeiro Jim Morrison, sem qualquer interesse e, pior, completamente desprovido de bom senso. Bastar-lhes-ia tocar o reportório da banda e teriam o público conquistado. Em vez disso, adoptaram um espantalho que imitava o malogrado vocalista e poeta do quarteto enquanto Manzarek evocava o grande Deus com salvas absolutamente ridículas. Um momento lamentável que não beliscou o culto pela banda e o que representa numa vida que não teria sido a mesma sem “The End” ou “When the Music’s Over” como banda sonora. Não sei qual é o meu álbum prefiro dos The Doors, gosto de todos quase por igual. Até do malquerido “The Soft Parade” (1969), com aquela sumptuosidade nos arranjos oferecida por uma secção de sopros e de cordas. Li por aí que um incêndio arruinou o famigerado Morrison Hotel, capa do álbum homónimo de 1970. É assim a vida, quase tudo se desfaz em cinzas. Felizmente inventaram os gravadores, máquinas de viajar no tempo que nos ajudam a iludir o desespero de assistir impotentes à ruína do mundo.

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