"É preciso perder o hábito e deixar de conceber a
cultura como saber enciclopédico, no qual o homem é visto sob a forma de
recipiente para encher e amontoar com dados empíricos, com factos ao acaso e
desconexos, que ele depois deverá arrumar no cérebro como nas colunas de um
dicionário para poder então, em qualquer altura, responder aos vários estímulos
do mundo externo. / Esta forma de cultura é deveras prejudicial, especialmente
para o proletariado. Serve apenas para criar desajustados, gente que crê ser
superior ao resto da humanidade porque armazenou na memória uma certa
quantidade de dados e de datas, que aproveita todas as ocasiões para
estabelecer quase uma barreira entre si e os outros. Serve para criar um certo
intelectualismo flácido e incolor, tão criticado por Romain Rolland, que pariu
uma caterva de presunçosos e desatinados, mais deletérios para a vida social do
que os micróbios da tuberculose ou da sífilis para a beleza e sanidade física
dos corpos."
Antonio Gramsci, in "Il Grido del Popolo",
1916.
"O senso comum, o estúpido senso comum, prega
usualmente que é melhor um ovo hoje do que uma galinha amanhã. E o senso comum
é um terrível negreiro dos espíritos. Sobretudo quando para ter a galinha é
preciso romper a casca do ovo."
Antonio Gramsci, "Três princípios, três
ordens", La Cittá futura, 1917.
"Demonstrar que se vive, assegurar-se que existe,
sentir bater o próprio coração e o pulsar das veias é já um sucesso, é o maior
sucesso da vida."
Antonio Gramsci, "Analogias e metáforas", Il
Grido del Popolo, 1917.
"Na vida, nenhum acto é isento de resultados e o
facto de acreditar numa teoria e não noutra tem os seus particulares reflexos
na acção; também o erro deixa vestígios, quando divulgado e aceite pode
retardar (não decerto impedir) que se alcance uma finalidade."
Antonio Gramsci, "Utopia", in Avanti!, 1918.
Sem comentários:
Enviar um comentário