terça-feira, 16 de dezembro de 2025

UM POEMA DE M. PARISSY

Um pássaro na areia. E perguntas:

- O que faz um pássaro deitado no meio da areia?
De que parte do espelho terá vindo?

É um habitante selvagem da cidade que o
adormeceu. Um sono desmedido. E convocas
outros animais, míticos, para o esconderijo
que é o canto das pedras: gatos, hienas, aranhas
e, de certeza, corvos. Corvos não são animais.
Exercem a função de limpar o terreno onde os
barcos recolheram. Comem as tripas que não
foram para engodo. Corvos como pequenos 
monstros que explicam as tragédias.

m. parissy, in Jaime, edição do autor, 7 de Abril d 2024, p. 20.


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